Carta eletrônica.

Como um amor termina.
Eu a vi subindo a ladeira de pedregulho, que além de onde ela fica, cai o sol todas as tardes. ( Quisera eu desde menino saber se a serra da ladeira habitada no sopé era mesmo o fim do mundo. Pois o que restava depois do evento, vermelhidão no céu em todas as tardes, era um pálido reflexo do que fora o dia, um pálido reflexo que o desespero dos homens engendrou. Era o céu salpicado de estrelas, fecundo à imaginação, esquecido. A lua se tornou o satélite natural da terra.
Não me era distante do lar a serra onde o sol se punha, e pus-me a correr a cidade e a querer por fim a minha indagação. Anos se passaram desde que passei a perseguir o sol. É que a cidade é densa com suas ruas por onde se caminha com facilidade, e os caminhos se multiplicam, e mil outras coisas nascem de instantes inesperados. Até mesmo me esqueci que me pus a caminho. Até mesmo pálido eu me tornei. Mas a infância é mesmo peralta. Vive no homem em silêncio, e penetra em seus sonhos, sorrateira. Sem se deixar ver finge que quer brincar de ser homem e o traz para sua brincadeira. )
Foi num raio de sol que ela veio, o último antes do fim do dia. Me arrastou com seus olhos escuros para os seus braços, e numa noite de lua! Seu mal foi subir a ladeira, habitar o sopé esquecido. A deixei bem lá com um beijo, no meio do meu caminho e pus-me por trás da serra.


Romulo B. Alves

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