Código 46.

Se houvesse escancarada política eugenista - como a vista há anos naquele filme Código 46 - ela estaria entre a fileira dos agressivos. Os rebeldes, inquietos, insubordinados.
- Faz favor de não confundir nada disso com orgulho, que é incapaz de reconhecer a legitimidade ou autoridade da experiência, da diferença, da distância, da linguagem.
Reconheço a dose inexata de egocentrismo (e a desmedida, vá lá, que somos humanos) pertinente às receitas de ciente intransigência e autoritarismo necessários às disputas ou defesas de mais singelas teses.
A repressão se apresenta e não consta que ela pudesse não notar, ou não dar por sentida. Se, a princípio, não a identifica, a mágoa ou o nó na garganta, o embrulho no estômago,, deixam os seus vestígios. À medida que a massa de recalque se desenvolve, desenvolve-se senão o verbo, ou junto a ele, a agressividade contida.
Observamos sim, deve-se dizer, o quão hostil é o grito de palavras não ditas, o silêncio que corrói, o olhar desprezivo, as distância, os gestos gélidos e esquivos. E, ainda, como é mais agressivo submeter-se ao vexame do grito que não dá nome aos bois e que volta os julgamentos praquele da legítima defesa.
Não há vítima, não se engane. Há lados distintos de um entrave político. Onde a ação autoritária é intuito de submeter o outro à própria ordem. Nada novo, pra quaisquer campos.
Bem como os guetos, as minorias, os expropriados de qualquer capital... nós, agressivos genéricos, também devolvemos com violência as condições de agir que nos forem tiradas. Não nos apresentem causas- serei realista e sincera em dizer, que elas só nos alcançam como freios, e se estamos por hora do grito é porque já não podem nos sufocar mais os freios.

Aviso aos navegantes, de toda sorte de abdurdos que se exprime nessa sociedade
diante da qual o sensível não está disposto a ficar passivo.



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Jogo tudo na violência
que sempre me povoou,
o grito áspero e agudo e prolongado,
o grito que eu,
por falso respeito humano,
não dei.
Só me resta ficar nua:
nada tenho mais a perder.
*C.L.

Comentários

Anônimo disse…
"Só me resta ficar nua: nada tenho mais a perder."

Faz isto aqui em minha casa. rsrs

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